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CARTA DE ENCERRAMENTO/COMPROMISSO DO III ENCONTRO BAIANO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO (EBEC)

EDUCAÇÃO DO CAMPO E AGROECOLOGIA: Lutas, Resistências e Emancipação Humana

Salvador, 24 de setembro de 2022

 

O Centro Acadêmico de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial Paulo Freire – CAECDT, da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, constitui-se em um espaço de referência para a produção de conhecimentos acerca dos fenômenos educativos em diferentes áreas. Áreas estas que abrangem as demandas dos/as trabalhadores/as camponeses e camponesas, vinculados(as) ao Movimento Nacional e Regional da Educação do Campo.

 

O CAECDT é um lugar institucional de natureza político-educativa, ancorado na articulação entre o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, em consonância com o movimento da produção da vida dos Sujeitos do Campo, com objetivo de coordenar, integrar, sistematizar, orientar e promover ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, numa perspectiva interdisciplinar. Pretende também, assegurar o suporte necessário à elaboração e desenvolvimento de ações que atendam dimensões crítico-políticas para a Formação de Educadores/as, Formação Profissional e Tecnológica em nível de Graduação e Pós-Graduação, com vistas ao desenvolvimento territorial sustentável e solidário. Ademais, busca-se articular o trabalho de docentes/pesquisadores e extensionistas na área da Educação do Campo e da Agroecologia, para o avanço de um trabalho científico e formativo numa perspectiva crítica e emancipadora.

 

A partir dessa intencionalidade social, formativa e política o CAECDT, juntamente com o Grupo de Pesquisa Educação do Campo, Trabalho, Contra-hegemonia e Emancipação Humana realiza o III ENCONTRO BAIANO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO (EBEC): Educação do Campo e Agroecologia - Lutas, Resistências e Emancipação Humana, com a finalidade maior de reunir os sujeitos sociais envolvidos com a discussão da Educação do Campo e da Agroecologia, com vistas ao aprofundamento da conjuntura atual, socialização das produções acadêmico-científicas, relatos de experiências em espaços escolares e não-escolares no campo do ensino, da pesquisa e da extensão.

 

Durante a realização da III Edição do EBEC (2022), os participantes do evento – povos do campo, das águas, da floresta, professoras(es), produtoras(es) agrícolas,  Agroecólogas(os), pesquisadoras(es), extensionistas, Organizações e Movimentos populares assinam esta Carta de Encerramento/Compromisso e apresentam ao povo baiano, em particular, e à nação brasileira, em geral, as contestações ao projeto de país e de sociedade de perspectiva neofascista e ultraconservadora que assola o país no atual momento histórico, considerando, principalmente: O descaso com a vida humana; o avanço do desemprego, da miséria e da fome;  o armamento da sociedade; a política ultraconservadora, neofascista, genocida e de disseminação do ódio, em detrimento da vida e do respeito à diversidade étnico-racial e gênero; a devastação de nossas florestas e nossos rios; o envenenamento dos alimentos, com a liberação cada vez maior de uso de agrotóxico; o ataque aos territórios dos povos indígenas, tradicionais e de terreiro; a negação da ciência, o desmonte da Educação Pública; a política de FECHAMENTO DE ESCOLAS DO CAMPO; a oferta exclusiva de educação escolar por mediação tecnológica; a precarização do trabalho docente; a negação da profissionalização da Licenciatura em Educação do Campo contra a legitimação do campo de atuação dos egressos destes cursos.

DEFENDEMOS:

A REFORMA AGRÁRIA POPULAR DE BASE AGROECOLÓGICA E O FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR;

Os territórios dos povos indígenas, tradicionais e de terreiro;

A revogação do “Entulho Golpista” – políticas públicas desde 2016 – tais como: a Emenda Constitucional do teto de gastos; a Base Nacional Comum Curricular – BNCC; a Base Nacional Comum da Formação de Professores – BNC-Formação e a Matriz Nacional das Competências dos Diretores das Escolas;

O fortalecimento da Educação Pública e da Escola Pública do Campo COM GESTÃO E FINANCIAMENO PÚBLICO;

O fortalecimento das políticas de Formação inicial e continuada de Educadoras/es a partir dos princípios da Educação do Campo;

A articulação entre formação inicial e continuada de Educadoras (es), no âmbito da Universidade;

O reconhecimento, o respeito e a valorização da diversidade socio-territorial, étnico-racial e de gênero;

Defendemos, por fim, a Educação do Campo e Agroecologia como condição estruturante da produção e reprodução da vida em sua sociobiodiversidade, à justiça socioambiental e cognitiva para superação da lógica de mercantilização do conhecimento e das desigualdades sociais, regionais, geracionais, raciais, que é propagada pelo projeto hegemônico do capital.

A defesa de tais princípios visa ocupar o papel central na reconstrução do país e as eleições de outubro de 2022 serão definidoras de mudanças necessárias para reorientar os rumos de desenvolvimento econômico, social, político e Artístico-Cultural, em prol da valorização da vida, da solidariedade, emancipação social e humana.

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EDUCAÇÃO DO CAMPO É DIREITO E NÃO MERCADORIA!

EDUCAÇÃO DO CAMPO, DIREITO NOSSO DEVER DO ESTADO!

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